29/04/2014 | Resultados

Resultados 1º Trimestre 2014

Aumento da produção no Brasil e trading de gás natural compensam parcialmente queda da refinação e seguram resultado líquido nos €47 milhões

Aumento da produção no Brasil e trading de gás natural compensam parcialmente queda da refinação e seguram resultado líquido nos €47 milhões.

 

  • A produção total (working interest) de petróleo e gás natural aumentou 19% para 28,1 mboepd, com a produção no Brasil a permitir compensar a queda em Angola; a produção net entitlement aumentou 23% para 24,6 mboepd, dos quais 70% correspondem à produção no Brasil
  • As exportações de produtos petrolíferos para fora da Península Ibérica situaram-se em 600 mil toneladas, uma diminuição de 41% face ao homólogo, consequência da menor disponibilidade de produto para exportação devido à paragem geral programada na Refinaria de Sines
  • A margem de refinação da Galp Energia diminuiu $0,7/bbl para os $1,1/bbl, reflexo da deterioração das margens nos mercados internacionais, apesar do contributo do complexo de hydrocracking
  • O volume de vendas a clientes diretos desceu 1%, refletindo a conjuntura económica adversa que influenciou o consumo de produtos petrolíferos na Península Ibérica; as vendas de produtos petrolíferos a clientes diretos em África representaram 8% do total
  • O volume de gás natural vendido aumentou 21% atingindo os 2.078 milhões de m3, tendo a atividade de trading nos mercados internacionais representado cerca de 50% daquele volume
  • O investimento totalizou €197 milhões, dos quais cerca de 90% foram canalizados para o segmento de negócio de Exploração & Produção, nomeadamente para as atividades de desenvolvimento no campo Lula, no Brasil
  • A dívida líquida situou-se em €1.456 milhões considerando o empréstimo de €840 milhões concedido à Sinopec como caixa e equivalentes, traduzido num rácio de dívida líquida para Ebitda de 1,3x. Não considerando esse empréstimo, a dívida líquida seria de €2.296 milhões.

 

INDICADORES FINANCEIROS

 

(ver tabela no pdf anexo)

 

O resultado líquido replacement cost ajustado da Galp Energia foi de €47 milhões, menos €29 milhões do que no primeiro trimestre de 2013, o que resultou essencialmente do aumento das amortizações no negócio de Refinação e Distribuição que se seguiu ao arranque do complexo de hydrocracking.

 

EXPLORAÇÃO & PRODUÇÃO

 

(ver tabela no pdf anexo)

 

A produção total (working interest) aumentou 19% face ao período homólogo atingindo os 28,1 mboepd, dos quais 96% corresponderam a produção de petróleo. No Brasil, a produção aumentou cerca de 45% face ao primeiro trimestre de 2013, para 17,3 mboepd, o que se deveu essencialmente à contribuição da área de Lula NE, no campo Lula. Em Angola, a produção working interest diminuiu cerca de 0,9 mbopd, ou 7%, face ao primeiro trimestre de 2013, saldando-se em 10,8 mbopd, devido à menor contribuição do campo Kuito, no bloco 14, cuja FPSO foi desmobilizada no final de 2013. Por outro lado, os campos BBLT e Tômbua-Lândana (TL) aumentaram a produção em 0,7 mbopd e em 0,1 mbopd, respetivamente, com a entrada em produção de novos poços.

 

A produção net entitlement, a mais relevante – uma vez que é aquela a que a Galp Energia tem, de facto, direito – foi de 24,6 mboepd, um aumento de cerca de 23% face ao primeiro trimestre de 2013 suportado pela produção no Brasil, que mais do que compensou a descida da produção em Angola. Aqui, a produção net entitlement diminuiu 10% face a 2013, para 7,3 mbopd, na sequência da queda da produção working interest, ainda que esta tenha sido parcialmente compensada pelo aumento das taxas de produção disponíveis, ao abrigo dos contratos de partilha de produção (PSA). A produção proveniente do Brasil representou cerca de 70% do total da produção net entitlement, face a 59% no período homólogo de 2013.

 

O resultado operacional a custo de substituição foi de €68 milhões, um aumento de €8 milhões face ao período homólogo que resultou do aumento da produção no Brasil e à subida do preço médio de venda de petróleo e gás natural no período.

 

REFINAÇÃO & DISTRIBUIÇÃO

 

(ver tabela no pdf anexo)

 

No primeiro trimestre de 2014 a margem de refinação da Galp Energia foi de $1,1/bbl, uma descida de $0,7/bbl face ao período homólogo, na sequência da evolução negativa das margens de refinação nos mercados internacionais.

 

As exportações para fora da Península Ibérica foram de 600 mil toneladas, uma diminuição de 41% face ao primeiro trimestre de 2013, refletindo a paragem da refinaria de Sines.

 

Nos três meses de 2014 foram processados cerca de 16,6 milhões de barris de crude (Mbbl), uma descida de 23% face ao período homólogo de 2013. O volume de crude processado foi afetado pela paragem geral planeada da refinaria de Sines para trabalhos de manutenção, que teve início no princípio do mês de março, bem como pelas más condições climatéricas que afetaram o porto de Leixões e, consequentemente, a normal operação de algumas unidades da refinaria de Matosinhos. De destacar que o volume de matérias-primas processadas, das quais o crude representou 82%, também foi afetado pela política de otimização do aparelho refinador face ao contexto de margens de refinação que caracterizou o período. A taxa de utilização de 69% do complexo de hydrocracking deveu-se principalmente ao início da paragem geral da refinaria de Sines.

 

No primeiro trimestre de 2014, 84% do crude processado nas refinarias da Galp Energia correspondeu a crudes médios e pesados, face a 73% no primeiro trimestre de 2013.

 

A produção de destilados médios (gasóleo e jet) representou 48% da produção total, face a 45% no período homólogo do ano anterior, enquanto as gasolinas e o fuelóleo representaram 20% e 17% da produção total, respetivamente. Os consumos e quebras no primeiro trimestre foram de 8%.

 

O volume de vendas a clientes diretos desceu 1% face ao primeiro trimestre de 2013, situando-se nas 2,2 milhões de toneladas. Esta diminuição refletiu as menores vendas na Península Ibérica, nomeadamente de produtos químicos e bancas marítimas, o maior controlo do crédito a clientes, bem como a influência positiva do período da Páscoa nas vendas do primeiro trimestre de 2013. A descida dos volumes vendidos em África, que representaram 8% das vendas totais do período, também impactaram as vendas a clientes diretos.

 

No final do trimestre, a Galp Energia contava com 1.438 estações de serviço na Península Ibérica e em África, menos 38 do que em 2013, resultado do esforço contínuo de aumento da eficiência da rede.

 

O resultado operacional a custo de substituição do segmento de negócio de Refinação & Distribuição foi negativo em €45 milhões, que comparam com o montante praticamente nulo do primeiro trimestre de 2013, na sequência da deteriorização dos resultados da atividade de refinação e do aumento das amortizações no período.

 

GAS & POWER

 

(ver tabela no pdf anexo)

 

O volume de gás natural vendido no trimestre atingiu 2.078 milhões de metros cúbicos (Mm3), mais 357 Mm3 do que no período homólogo, que se deveu sobretudo ao aumento de volumes vendidos de GNL no mercado internacional.

 

As vendas no segmento de trading atingiram os 1.067 Mm³, tendo sido efetuadas 13 operações de trading, face a oito no período homólogo de 2013. No primeiro trimestre de 2014, as cargas vendidas destinaram-se principalmente a mercados asiáticos, mas também à América Latina.

 

No segmento elétrico, as vendas desceram 21% para os 158 Mm3, refletindo a utilização crescente das fontes eólica e hídrica para geração de eletricidade, em detrimento do gás natural.

 

O segmento industrial atingiu vendas de 649 Mm³, um aumento de 5% face ao período homólogo de 2013 para o qual contribuiu a carteira de clientes em Espanha. Este aumento compensou parcialmente a descida de 19% nos volumes vendidos no segmento residencial, que se situaram nos 180 Mm³.

 

As vendas de eletricidade à rede foram de 428 GWh, ou seja, menos 40 GWh do que no primeiro trimestre de 2013, refletindo a influência negativa do menor contributo da cogeração na refinaria de Sines, cuja operação foi afetada pela paragem da refinaria e pelo término das operações da cogeração Energin no final de 2013.

 

O resultado operacional a custo de substituição do negócio de Gas & Power situou-se nos €104 milhões, uma melhoria de €15 milhões face ao primeiro trimestre de 2013.

 

INVESTIMENTO

 

(ver tabela no pdf anexo)

 

Nos primeiros três meses de 2014 foram investidos €197 milhões, dos quais cerca de 90%, ou seja, €178 milhões, foram afetos ao negócio de E&P.

 

Do investimento no negócio de E&P, cerca de 65% destinou-se a atividades de desenvolvimento, nomeadamente no campo Lula/Iracema no bloco BM-S-11, no Brasil, em particular à perfuração de poços de desenvolvimento e à construção de unidades FPSO e de sistemas subaquáticos.

 

O investimento em atividades de exploração e avaliação atingiu cerca de €62 milhões no período, e destinou-se à conclusão das atividades relacionadas com o poço Pitú, na bacia de Potiguar no Brasil, e à perfuração do poço de avaliação Agulha-2, no sul da Área 4 em Moçambique.

 

O investimento nos negócios de R&D e G&P totalizou €18 milhões no primeiro trimestre de 2014. Destaca-se que o investimento no negócio de R&D, de €10 milhões, esteve relacionado com atividades ligadas à paragem geral da refinaria de Sines, que se iniciou em março, e também com o negócio de biocombustiveis.

 

ENVOLVENTE DE MERCADO

 

Dated brent
No primeiro trimestre de 2014, a cotação média do dated Brent situou-se nos $108,2/bbl, uma diminuição de $4,4/bbl face ao homólogo, que se explica pela diminuição de importação de crudes leves pelos EUA e aumento da produção local, o que levou a um crescimento da disponibilidade de crude na Europa e na Ásia.

 

A diferença de preço entre crudes pesados e leves situou-se nos -$2,0/bbl, em linha com o período homólogo de 2013. Tal deveu-se ao facto de o preço dos crudes pesados também ter apresentado uma evolução negativa entre períodos, tendo sido afetado pela menor procura por parte dos mercados asiático.


 

Margens de refinação
No primeiro trimestre de 2014, a margem de refinação benchmark da Galp Energia diminuiu $2,7/bbl para -$0,6/bbl, influenciada pela descida de $2,6/bbl das margens hydrocracking e cracking, na sequência da diminuição do crack dos produtos, nomeadamente gasolina e gasóleo.

 

Mercado ibérico
No primeiro trimestre de 2014, o mercado ibérico de produtos petrolíferos situou-se nos 14 milhões de toneladas (Mt), mais 1% que no período homólogo de 2013. Esta evolução seguiu a tendência do mercado espanhol, que subiu 1% no período, com o contributo do mercado de jet, que expandiu 3%, e do segmento das bancas marítimas, que registou uma melhoria de 22%. Importa salientar, no entanto, que o consumo de combustíveis rodoviários continuou a ser impactado pelo contexto económico adverso, e também pelo facto do período de Páscoa ter influenciado positivamente a procura em março do período homólogo de 2013, tendo a procura de gasóleo descido 1% e a de gasolina permanecido estável. Já o mercado português contraiu 3%, nomeadamente com o consumo de gasolina e de jet a descer 2% e 1%, respetivamente.

 

No primeiro trimestre de 2014, o mercado ibérico de gás natural contraiu 11% face ao período homólogo, para 8.502 mm3. Esta descida deveu-se quer à redução do consumo no segmento elétrico, que resultou do aumento da produção hídrica e eólica, quer à redução do consumo nos segmentos industrial e residencial, resultante não só do atual contexto económico na Península Ibérica, mas também das temperaturas mais amenas em 2014 relativamente a 2013.

 

Capitalização bolsista 
No primeiro trimestre de 2014, a ação da Galp Energia valorizou 5%, tendo encerrado o período a cotar em €12,54. A cotação mínima foi de €10,20. Desde a oferta pública inicial a 23 de outubro de 2006 até ao final de março de 2014, a ação Galp Energia valorizou cerca de 116%.

 

Durante o primeiro trimestre do ano, foram transacionadas cerca de 129 milhões de ações em mercados regulamentados, dos quais 87 milhões na NYSE Euronext Lisbon. Assim o volume médio diário total nos mercados regulamentados foi de 2,1 milhões de ações, dos quais 1,4 milhões na NYSE Euronext Lisbon.

 

Importa destacar que o volume foi positivamente influenciado no período pela colocação em mercado, pela acionista Eni, de uma participação correspondente a aproximadamente 7% do capital social da Galp Energia.

 

No final do primeiro trimestre de 2013, a capitalização bolsista da Galp Energia situava-se nos €10,4 mil milhões.

(ver gráfico no pdf anexo)

 

BASES DE APRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO

 

As demonstrações financeiras consolidadas e não auditadas da Galp Energia relativas aos três meses findos em 31 de março de 2014 e de 2013 foram elaboradas em conformidade com as IFRS. A informação financeira referente à demonstração de resultados consolidados é apresentada para os trimestres findos em 31 de março de 2014 e de 2013. A informação financeira referente à situação financeira consolidada é apresentada às datas de 31 de março de 2014 e 31 de dezembro de 2013.

 

As demonstrações financeiras da Galp Energia são elaboradas de acordo com as Normas Internacionais de Relato Financeiro (IFRS) e o custo das mercadorias vendidas e matérias-primas consumidas é valorizado a custo médio ponderado (CMP). A utilização deste critério de valorização pode originar volatilidade nos resultados em momentos de oscilação dos preços das mercadorias e das matérias-primas através de ganhos ou perdas em stocks, sem que tal traduza o desempenho operacional da empresa. Este efeito é designado efeito stock.

 

Outro fator que pode influenciar os resultados da empresa sem ser um indicador do seu verdadeiro desempenho é o conjunto de eventos de natureza não recorrente, tais como ganhos ou perdas na alienação de ativos, imparidades ou reposições de imobilizado e provisões ambientais ou de reestruturação.

 

Com o objetivo de avaliar o desempenho operacional do negócio da Galp Energia, os resultados RCA excluem os eventos não recorrentes e o efeito stock, este último pelo facto de o custo das mercadorias vendidas e das matérias-primas consumidas ter sido apurado pelo método de valorização de custo de substituição designado RC.

 

DEFINIÇÕES

 

Crack spread
Diferencial de preço entre determinado produto petrolífero e o preço do dated Brent

Ebitd
Resultado operacional

Ebitda
Ebit mais depreciações, amortizações e provisões

Produção net entitlement
Percentagem da produção detida sobre os direitos de exploração e produção de hidrocarbonetos de determinada concessão, após o efeito dos contratos de partilha de produção

Produção working interest
Percentagem da produção detida sobre os direitos de exploração e produção de hidrocarbonetos de determinada concessão

 

ABREVIATURAS

 

bbl: barris

mbbl: milhões de barris

boe: barris de óleo equivalente

mboepd: mil barris de petróleo equivalente por dia

Mton: milhões de toneladas

RCA: Replacement cost adjusted

$: dólar dos Estados Unidos

Fonte:  

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