Preços dos combustíveis: como são definidos e como poupar

Os preços dos combustíveis são conhecidos pela sua volatilidade, com variações frequentes nos valores apresentados nos postos. Mas afinal, por que motivo isto acontece? Vários fatores influenciam estas oscilações, desde o preço do barril de petróleo e, consequentemente, dos produtos refinados no mercado internacional até questões como taxas de câmbio, impostos aplicados, e até custos de transporte,  dee refinação e a necessidade de criar uma reserva de segurança em termos de produtos. Tudo isto faz com que os preços não só variem ao longo do tempo, mas também de posto para posto.

Então, como pode adaptar-se a estas constantes mudanças e ainda poupar no final do mês? A resposta passa por pequenas ações estratégicas, como escolher horários ou postos de abastecimento mais económicos, usar apps para monitorizar preços ou até otimizar a eficiência do seu veículo com uma condução mais económica. Veja o que determina o preço dos combustíveis e como poupar.

Que fatores que influenciam o preço do combustível?

Dos impostos ao preço do petróleo, às cotações internacionais dos produtos refinados, e à incorporação de biocombustíveis, estes são os principais fatores que determinam o preço dos combustíveis.

Cotações internacionais do petróleo e dos produtos refinados (gasolina e gasóleo)

A resposta começa com as cotações internacionais, um dos principais fatores que determina o preço final nas bombas. Estas cotações são influenciadas por uma série de fatores económicos, geopolíticos e climáticos:

• Oferta e procura global: quando a procura por petróleo aumenta (como em períodos de crescimento económico) ou a oferta diminui (devido a cortes de produção por grandes exportadores ou proibições legislativas de aquisição de produtos de determinado país), o preço tende a subir.
• Conflitos geopolíticos: a tensão em regiões produtoras pode gerar incerteza e aumentar os preços.
• Taxas de câmbio: como o petróleo e os produtos refinados são negociados em dólares, a valorização ou desvalorização da moeda pode afetar os preços para outros países.

• Condições climáticas: furacões ou fenómenos extremos podem interromper a produção e refinação, impactando o abastecimento ou, em sentido contrário, temperaturas muito baixa que conduzem a consumos elevados de produtos petrolíferos.

Custos logísticos e operacionais

O custo de transporte do petróleo até Portugal, e posteriormente dos produtos refinados até aos postos de abastecimento, é outro fator que influencia o preço final. Este custo inclui o transporte marítimo e terrestre, taxas portuárias e a logística de distribuição interna, refletindo-se diretamente no valor final. Esta componente inclui igualmente os custos de operação dos postos de abastecimento.

Incorporação de biocombustíveis

Para cumprir as metas europeias de redução das emissões de gases com efeito de estufa, o Estado impõe a incorporação de biocombustíveis na gasolina e no gasóleo. A percentagem de biocombustíveis é determinada anualmente e, em 2025, foi fixada em 13% e, termos energéticos, o que pode aumentar o custo do combustível.

Manutenção das reservas

A obrigatoriedade de todos os operadores autorizados constituírem reservas para o equivalente a 90 dias de consumo também se refletem no preço final ao consumidor, pois esta taxa deve refletir a taxa de armazenagem e capital empregue associado ao produtos armazenado.

Imposto sobre Produtos Petrolíferos (ISP)

Este é um imposto específico aplicado diretamente sobre os combustíveis, representando uma parte significativa do preço final. O valor do ISP é fixo por litro e varia de acordo com o tipo de combustível (gasolina, gasóleo, GPL, etc.). É uma das principais fontes de receita associadas ao setor energético e tem um impacto direto no custo para os consumidores.

Este imposto tem 2 componentes:

• As taxas unitárias do imposto sobre os produtos petrolíferos e energéticos que integram o montante consignado ao serviço rodoviário em território continental, nos termos definidos na legislação especial aplicável.
• A Taxa de Carbono (ou Adicional de CO₂) que é um adicional ao ISP e é calculada com base nas emissões de dióxido de carbono associadas ao consumo de cada tipo de combustível. O objetivo é incentivar a redução do uso de combustíveis fósseis, promovendo alternativas mais sustentáveis.

Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA)

Este imposto é aplicado como uma percentagem sobre o preço total do combustível, incluindo o valor do ISP. Ou seja, o IVA incide não apenas sobre o custo do produto, mas também sobre o imposto já aplicado, aumentando ainda mais o preço final pago pelo consumidor. Atualmente, a taxa normal de IVA em Portugal Continental é de 23%, na região Autónoma da Madeira é de 22% e na região Autónoma dos Açores é de 16%.

Tudo somado, estes impostos representam cerca de 55% no preço final da gasolina e 50% no preço final do gasóleo.

Verdades e mitos sobre o preço dos combustíveis

O preço dos combustíveis é um tema que gera várias dúvidas e, muitas vezes, crenças equivocadas. Eis a desmistificação de alguns mitos.

A espuma do combustível é cobrada

A espuma que aparece quando abastece, especialmente com gasóleo, não é cobrada. O combustível é medido sem considerar as bolhas formadas pela mistura de ar e líquido na pistola.

Os impostos são os principais responsáveis pelo preço elevado dos combustíveis

Em Portugal, cerca de 50% do preço dos combustíveis corresponde a impostos, como o ISP, a taxa de carbono e o IVA. Estas taxas têm um grande impacto no valor final pago pelos consumidores.

O combustível retido na mangueira é cobrado

O sistema das bombas impede que o combustível na mangueira seja contabilizado depois do corte automático. A válvula antirretorno garante que paga apenas pelo combustível que for efetivamente bombeado.

Dicas para poupar nos combustíveis

Os combustíveis representam uma fatia significativa do orçamento familiar em muitas casas portuguesas. Estes são alguns ajustes e hábitos que pode adotar no dia a dia para poupar no preço dos combustíveis.

Conduza de forma eficiente

Uma condução suave pode fazer uma grande diferença no consumo de combustível. Evitar acelerações e travagens bruscas reduz o esforço do motor, tornando-o mais eficiente. Além disso, manter uma velocidade constante, especialmente em autoestradas, ajuda a economizar combustível. Utilizar o cruise control em viagens longas pode ser uma excelente forma de manter a eficiência.

Cuide da manutenção do veículo

A manutenção regular do veículo é essencial para poupar combustível. Os pneus com a pressão correta reduzem o atrito com o solo, diminuindo o consumo. Da mesma forma, filtros de ar limpos permitem que o motor respire melhor, funcionando de forma mais eficiente. Trocar o óleo no tempo certo e manter o motor em boas condições garante um desempenho otimizado e uma poupança significativa.

Planeie as suas viagens

Uma boa organização das suas deslocações pode evitar gastos desnecessários. Evite horários de trânsito intenso, que exigem condução “para-arranca”, e aumentam o consumo. Combine várias tarefas numa única viagem para reduzir deslocações e prefira trajetos mais curtos ou com menos congestionamento, usando apps de GPS que otimizem o percurso.

Considere alternativas

Sempre que possível, opte por alternativas que reduzam o uso do carro. Partilhar viagens com colegas ou amigos através de carpooling divide custos e poupa combustível. Em trajetos curtos, considere utilizar transportes públicos, bicicletas ou mesmo caminhar – soluções económicas e amigas do ambiente.

Reduza o peso no carro

Quanto mais leve o veículo, menor será o esforço do motor. Retire cargas desnecessárias do porta-bagagens e evite manter suportes de tejadilho quando não estão em uso, já que aumentam a resistência ao ar e, consequentemente, o consumo de combustível.

Use o combustível recomendado pelo fabricante

Utilizar o tipo de combustível recomendado pelo fabricante do seu carro é fundamental para manter a eficiência do motor e evitar danos que possam levar a reparos dispendiososs

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